Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.
BERTOLT BRECHT
Lamentáveis episódios de mesquinharia, estupidez e amadorismo têm me causado intensos embrulhos de estômago na(s) escola(s). Nesses momentos, por mais que tente relevar um punhado de absurdos, tenho uma vontade quase que incontrolável de sair correndo dessa realidade. Sinto-me sozinha demais e meio que expulsa por pensar, muitas vezes, de um jeito tão diferente, tão destoante. Será que, como algumas pessoas dizem, a escola precisa mesmo de mim? Tem horas que não acredito nisso. Há quem diga que a escola não é meu lugar. Essas pessoas podem estar certas... Tenho feito avaliações intensas se devo mesmo continuar na educação. Apesar das crianças, que são quase sempre incríveis, os problemas do cotidiano escolar são, inúmeras vezes, terríveis, fortes e com cara de duradouros. Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar. É da empresa privada o seu passo em frente, seu pão e seu salário. E agora não contentes querem privatizar o conhecimento, a sabedoria, o pensamento, que só à humanidade pertence.
BERTOLT BRECHT